Neste Setembro Amarelo, mês da prevenção ao suicídio, após o boom na utilização das tecnologias e redes sociais por toda humanidade, urge falarmos e refletirmos sobre a responsabilidade parental e seus aspectos psicológicos, em se tratando de crianças e adolescentes.
É inegável o benefício por termos tido ao nosso alcance em plena pandemia da COVID-19 ferramentas tecnológicas para minimizar o impacto do afastamento social. Entretanto, ao lado deste benefício veio também o acesso de nossas crianças e adolescentes a um mundo que nem sempre conhecemos ou temos controle permanente e este é um assunto que deve ser discutido neste Setembro Amarelo.
Digo isso, pois com a necessidade da utilização dos celulares – entre outros aparelhos tecnológicos – para acesso ao sistema de ensino, até mesmo os pais mais tradicionais e resistentes à utilização de tecnologia pelos infantes, viram-se obrigados a ceder às suas convicções para que seus filhos se utilizassem dela em prol da educação, tendo muitas vezes que trabalhar ao mesmo tempo em que seus filhos estudassem, sem que, muitas vezes, pudessem acompanhar de perto essa utilização.
Neste contexto, deparamo-nos com o risco iminente de que a criança ou adolescente acessasse e acesse conteúdos impróprios e perigosos à sua própria integridade física e emocional, uma vez que ainda não temos no país políticas públicas adequadas, que minimizem este risco. Além disso, há uma visão distorcida sobre a nossa própria inclusão digital. Acredita-se que há inclusão, quando na realidade somos apenas usuários das tecnologias e não chegamos nem perto da complexidade que existe no mundo virtual.
São muitos os casos de assédio virtual em que crianças e adolescentes sofrem ou perpetram esse tipo de violência, como podemos evidenciar na edição de 2021 da TIC Kids Online Brasil que:
“(…) incluiu pela primeira vez dados sobre o uso da Internet na busca de informações relacionadas à saúde e ao bem-estar entre a população de 11 a 17 anos. Segundo o estudo, 32% dos entrevistados afirmaram ter procurado ajuda para lidar com algo ruim que vivenciaram, ou para falar sobre suas emoções quando se sentiram tristes. As proporções foram maiores nas faixas etárias mais elevadas. O uso da rede para a procura de apoio emocional foi reportado por 46% dos que tinham entre 15 e 17 anos, 28% entre os com 13 e 14 anos e 15% por aqueles com idades de 11 a 12 anos. (…) Além de aspectos físicos, 29% dos entrevistados tiveram contato com informações sobre sentimentos, sofrimento emocional, saúde mental e bem-estar, e 38% acreditam que a Internet os ajudou a lidar com um problema de saúde. (…)” (https://cetic.br/pt/noticia/tic-kids-online-brasil-2021-78-das-criancas-e-adolescentes-conectados-usam-redes-sociais/)
Portanto, casos de auto-mutilação e suicídio infanto-juvenil em decorrência de “desafios”na rede é uma realidade e o que podemos concluir é que urge no país políticas públicas efetivas para o controle de conteúdos e acessos na internet, a fim de coibir e proteger a infância brasileira desta realidade vivenciada na atualidade, tanto no âmbito educacional familiar, quanto ao que tange legislação específica.
Publicado originalmente em: https://issuu.com/confrarianews/docs/confraria_news_-_setembro_2022
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